terça-feira, 28 de maio de 2013

Brasil verá a ‘Família Del Bosque’


Carles: O Marquês foi mais previsível que Felipão. Viu a lista do Del Bosque? Vai dar para encarar?
Edu: Bem conservador. Não arriscou nem com Isco, por exemplo.
Carles: Com o Isco, a história é parecida com a incorporação gradativa  de Juanín Mata, por exemplo. Lopetegui, treinador da sub-21, pediu pelamordedeus poder contar com ele. Ele já está concentrado com os moleques. Mas, sim, foi conservador o Marquês, não surpreendeu a não ser com Soldado, mas deve ser um dos descartados da lista definitiva, junto com Beñat e Javi Garcia.
Edu: Era só uma questão de pesar o que importa mais, o Sub-21 ou o time principal. O Marquês tem algo que não me agrada em treinador do tipo familiar: privilegia sua turma de sempre, por razões de confiança, não por desempenho técnico. Ao justificar, por exemplo, convocações como a de Fernando Torres, usou um de seus bordões favoritos: "Es uno de los nuestros". Ser "uno de los nuestros" não é explicação para escolher um jogador de seleção, me desculpe o Marquês. Só quer preservar o ambiente, porque certamente nenhum técnico que se preze levaria o Niño a uma seleção pelo que jogou nos últimos dois anos.
Carles: Estou de acordo em termos. Realmente uma seleção deve privilegiar desempenho, estado de forma e eventualmente chamar jogadores que possam oferecer alternativas de jogo ou diversificações reais nas combinações. Mas também é certo que os grupos selecionados se reúnem com frequência e por períodos mais curtos que os de um clube e um dos aspectos a ser considerado é o entrosamento técnico, tático e social. Mas, claro, esse critério deve ser só marginal aos meritórios.
Edu: O caso de Torres não oferece nem uma alternativa, a rigor. E o próprio Marquês comprovou isso, tanto na Copa/2010, quando ele foi um rotundo fracasso - em favor de Villa -, quanto na Euro/2012. Aí, como o time foi campeão nas duas ocasiões, tudo bem. Por outro lado, Isco teria uma importante chance de ganhar rodagem vindo ao Brasil, como parte de sua formação para 2014. O fato é que Del Bosque ainda confia em seu time titular tão cegamente que nem se importa muito com os reservas, parece. Tem uma certa razão até. Mas o grupo da Espanha na primeira fase é muito frágil e permitiria algumas experiências, além das variações que já utiliza, como o Jesus Navas de vez em quando, ou atuar sem centroavante fixo. Enfim... o cara é campeão do mundo, então tem aval moral para fazer o que bem entende. Não vi nenhuma crítica contundente em todos os jornais espanhóis.
Carles: Discordo de você nisso. Torres é sim uma clara alternativa de jogo. Única e imutável, esse é o problema. Quanto à reação da imprensa, eu diria que, como a ironia, as metáforas ou as entrelinhas não são o forte dos meus conterrâneos, não sei como interpretar as palavras de alguns meios informativos. Poucos mencionaram, de passagem,  que Del Bosque optou pela continuidade em detrimento do estado de forma, mas nada muito contundente. Vasculhando nas possíveis intenções, poderíamos considerar que estar na Copa das Confederações se deve às conquistas desse grupo e por isso se lhes permite concluir o projeto. Mas não deixava de ser uma oportunidade para ir dando cancha para alguns jovens. Não acredito em grandes arroubos do pausado Vicente. Não estou defendendo os critérios dele, só buscando pistas nesta e em próximas convocações.
Edu: E prefiro não insistir em falar de Cesc Fàbregas, em notória decadência mas que certamente será titular do Marquês... Em todo caso, nem sei se a Confederações é uma prioridade para o campeão mundial e europeu. Acho até que não. A maioria dos jogadores da 'Roja' vem aqui um tanto descontraída, já em clima de férias depois de uma temporada barra pesadíssima. Se ganhar, ganhou. Mas a Espanha tem hoje um prestígio que precisa ser defendido e, se levasse a sério, poderia levar o torneio. Não é a mesma situação do Brasil, que está condenado a jogar bem, e mesmo da Itália, que precisa confirmar sua recuperação para afastar desconfianças.
Carles: Não, não é prioridade mesmo. As contratações, as saídas de jogadores e de técnicos dos clubes e o convulsionado verão que tudo isso vai produzir têm privilégio no noticiário.  Assim mesmo, considero que seria uma conquista interessante, espantaria algumas desconfianças remanescentes, inclusive porque parece que é a versão mais séria das Copas da Confederações até agora. Quanto a Cesc, acho que pode ser um titular só eventual, no caso de falso 9, esquema que, estou inclinado a crer, tem os dias contados na ‘Roja’.
Edu: Opa, enfim uma luz para quem protegeu Cesc durante tanto tempo...
Carles: É o que eu acho que vai acontecer. Francesc necessita do alento da seleção como o ar que respira, ultimamente irrespirável para ele na casa blaugrana.
Edu: Provavelmente não veremos Cesc trocando passes com Neymar no Camp Nou?
Carles: Meu palpite é que Alexis e Cesc se salvam da queima. Portanto, nem é tão improvável.
Edu: Quem sabe, então, a Confederações seja a última oportunidade de Fàbregas, no lugar que provavelmente seria de Isco.
Carles: Boas atuações na Confederações poderiam servir pelo menos de justificativa para a permanência dele no Barça, que se transformou numa questão mais além do futebolístico. Ficar ele fica, basta saber se vai ser ou não goela abaixo, principalmente, de uma torcida que não perdoa incompetência.

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