Edu:
Vejo nos jornais daí, nos últimos dias, uma preocupação recorrente e uma certa
pressa em se definir o modelo de jogo dos dois grandes, Madrid e Barça. Se o
contra-ataque deve ser descartado, se a posse de bola ainda é o melhor caminho
(no caso do Barça), se é possível montar um padrão híbrido, se a velocidade dos
jogadores vai determinar o tipo de jogo (no caso do Madrid). Essa discussão tem
algo a ver com uma preocupação estética ou é só ansiedade por determinar o rumo
que as equipes vão tomar em função dos resultados e dos jogadores que têm a
disposição, incluindo as duas principais novidades, Neymar e Bale?
Carles: Um pouco de ansiedade tem, para que tentarmos nos enganar? Até o mais
cego dos nacionalistas já percebeu a perda de força dos times da 'Liga de las
Estrellas', mesmo nos casos os dois grandes. As temporadas por aqui costumam
começar com o discurso sobre o favoritismo dos dois ao título continental. Agora
se fala em oito favoritos, incluindo, claro, o produto nacional. A desconfiança
sobre as próprias possibilidades cria urgências e muuuuuuuuuuita incerteza,
pois, além de tudo, mudaram os dois treinadores. O pessoal anda desesperado com
o excesso de confiança demonstrado tanto Tata como Carletto. Tem coisas que vão
ficando claras, provavelmente com Neymar, o Barça vai ser mais profundo, menos
compacto. Nesta semana, testou-se a mudança de modelo durante o jogo, com a
entrada de Xavi e saída de Neymar, o Barça trocou, numa única jogada, 27
passes, talvez mais do que no resto da partida, e acabou saindo o quarto gol.
No Madrid, o acelerado Modrich segue o ritmo dos dois puros-sangues lá na
frente, mas Isco cadencia um pouco mais. Nem acho que isso possa criar
incompatibilidades, mas proporcionar uma certa riqueza de recursos, de
alternativas. Lógico a intenção é sempre criar polêmica, gerar debates às vezes
estéreis. Ancelotti acaba de declarar que o time vai ter mais a bola, mas que
nada impede de que cheguem ao gol com 3 toques em vez de 30. Questão de
inteligência, segundo ele.
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