domingo, 9 de junho de 2013

Trégua antes da hora da verdade

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Carles: Vitória redentora?
Edu: Em parte, sim.
Carles: O segundo tempo não foi de todo ruim.
Edu: Teve bons momentos, mostrou um pouco mais de aproximação entre os setores.
Carles: Vai ser suficiente para ser competitivo na Confederações?
Edu: Chega um pouco mais confiante, mas ainda falta um jogo redondo, completo. E que jogadores determinantes façam jus, já que, parece, o time será esse mesmo. Como sempre Oscar cumpriu com sobras e gostei do Marcelo como um jogador que pode fazer algo imprevisível, arriscar, quebrar a rotina, mesmo que erre mais que o normal.
Carles: E Thiago é sempre uma garantia.
Edu: Pois é, e segurando as bobagens do David Luiz, que esteve descontrolado, precipitado, definitivamente um dos caras que não inspiram confiança.
Carles: Nem acho que a maior diferença entre os dois seja o futebol, que também é, mas a postura, a seriedade. Ao Thiago Silva não falta nem futebol nem personalidade. Viu-se Tito Vilanova nas arquibancadas, para observar seus favoritos para a zaga blaugrana da próxima temporada?
Edu: Não... ele esteve aqui?
Carles: Imagino que viu pela TV pelo interesse do Barça em diversos jogadores em ambas seleções. E os hinos, todos os 22 cantaram? Cada um o seu, claro.
Edu: Se Tito assistiu deve ter gostado mais de seu vizinho aí em Valencia, o Rami, do que do David, certamente. Não percebi se os franceses cantaram o hino, muito menos o rebelde Benzema (que, aliás, fez uma partida horrorosa). Mas muitos brasileiros como sempre seguiram a torcida. Jogando em casa, ambiente favorável, aí todo mundo canta.

Carles: Verdade, Deschamps escalou hoje dois jogadores que finalizaram a temporada como reservas do Valencia, Rami e Jérémy Mathieu que, dizem, também interessa ao Barça. Benzema não cantou, assim como outros franceses. O próximo jogo do Brasil é já a estreia, não? Quem garantiu a titularidade além de Hulk? Porque tenho a impressão que ele é mais titular que o Oscar...

Edu: Não, Oscar é absoluto. Só me faltava essa! Hoje o Brasil é Oscar e mais dez. Felipão tinha avisado que o pouparia nestes amistosos porque foi um dos jogadores que mais minutos atuou na temporada desgastante do Chelsea. O time é aquele do início da partida, com a certeza de que Lucas e Hernanes entram no segundo tempo. Só que jogadores como Neymar, Fred e Paulinho ainda estão devendo. Fred tem a desculpa da costela quebrada, mas Neymar não está bem, sem pegada, insosso, e Paulinho continua preso nesse sistema cauteloso demais. Poderia ser muito mais útil.
Carles: Sei, era uma ironia, pela imprevisibilidade das decisões e não da estratégia do Scolari. Senti o Paulinho absolutamente preso e começo a duvidar do rendimento dele num esquema em que haja pouca mobilidade, como é o da Seleção atualmente. Menos, claro, lá na frente e quando se tem a posse de bola. Tive a impressão de que a Seleção Brasileira, neste jogo, abriu a lata à base de contra-ataques. Será que vai ser essa definitivamente a filosofia. Por outro lado, Lucas voltou a demonstrar que é dos melhores, assim como Oscar. Há alguma chance de vermos os dois jogando juntos?
Edu: Acho até que aqueles momentos de contra-ataque foram ocasionais, embora eficientes, porque o time esteve mais tempo no campo da França. Mas você tocou nos dois pontos que só a cabecinha do técnico pode esclarecer. Paulinho não é na Seleção esse jogador que temos visto nos dois últimos anos impressionantes pelo Corinthians. Jogando ali, algemado, perde seu poder de fogo, sua capacidade de infiltração e de complicar as marcações fechadas. E ver Oscar e Lucas juntos é um desejo do universo do futebol, menos de quem manda na Seleção.
Carles: Bom, hoje vou me permitir não criticar (muito) o time do Felipão. Apesar de seguir sem me convencer, uma vitória de 3 a 0 sobre uma França um tanto inofensiva merece um trégua. Proponho um voto de confiança, tendo em conta que a competição pode acrescentar esse ponto de intensidade que, ao menos pode ser um paliativo. Próximo compromisso do 500 a.C., Espanha enfrentando a Irlanda de Trapattoni, em Nova York?
Edu: Uma trégua política, então, como o próprio Felipão vem pedindo?
Carles: Se não pelo jogo, pelo resultado.
Edu: Desde que não alimente ilusões, que não estamos pra isso. Esperemos pelo velho Trap, portanto.

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