Carles:
Vamos de Paulinho e Lucas?
Edu:
Ao que tudo indica, sim. Mas pode ser uma armadilha do Felipão.
Carles:
Armadilha para a Inglaterra ou para a opinião pública?
Edu:
Para a opinião pública que pede um time ofensivo. Mesmo com o risco de ser
injusto, tenho a impressão de que ele seria capaz de fazer isso. Se der certo,
tudo bem, ele pode posar de técnico que sabe rever posições, que optou por ir
ao ataque e foi ousado. Se der errado, sem problemas: é só trancar o time,
abrir mão de um jogo mais solto e voltar às suas origens, onde ele ficará mais
à vontade.
Carles:
E quem acompanha o Paulinho? Fernando ou Hernanes?
Edu:
Fernando é intocável. Nos poucos treinos desta semana ele usou Hernanes no
lugar do Paulinho por um tempo. A questão desse jogo é como se comportará a
Inglaterra, cujos jogadores já estão de férias. Mesmo assim, é um amistoso
importantíssimo por várias razões: será no Rio, no Maracanã, à frente da torcida
mais exigente e às vésperas de uma competição relevante para a atual Seleção
Brasileira. Não estará em jogo só o sistema que a Seleção vai adotar, mas a
capacidade desses jogadores jovens de enfrentar situações inusitadas de
pressão.
Carles:
De férias mesmo, pelas imagens que vi dos ingleses no Rio. Entre os jogadores
brasileiros, a tensão promete ser inevitável. Para Neymar, com destino já certo, pelas
expectativas da sua nova aventura. Enquanto para outros, pela incerteza do futuro, como David
Luiz, vítima prematura da chegada de Mou ao Chelsea e atual favorito do Barça,
mesmo que Thiago Silva não pareça totalmente descartado; para Leandro Damião, cotado
para uma dezena de clubes europeus; para Paulinho inexplicavelmente sem um clube candidato
à altura; ou o próprio Júlio César, rebaixado com o Queens Park Rangers, muito
pouco para o goleiro titular da seleção pentacampeã. Alguém mais?
Edu:
Mesmo Lucas e Oscar, que são os garotos que darão um perfil ofensivo ao meio de
campo. Estão bem em seus clubes, mas precisam ainda de respaldo na Seleção. Se
der certo, se garantem, do contrário podem pagar com o banco de reservas na
Copa das Confederações, ao menos um dos dois. Tem um outro problema que não
deve ser desprezado: muitos jogadores estão baleados. Não só os europeus, em
fim de temporada. Fred tem uma lesão de costela, Neymar está com problemas no
joelho, Dani Alves teve uma infecção dentária e Oscar sofreu uma pancada no
tornozelo em um dos últimos treinos. Chegar neste momento sem estar em plena
forma é delicado. Mas é nessas horas que o cara mostra se tem ou não perfil de
Seleção.
Carles: Tanto
para o amistoso como para a Confederações, Oscar é opção ou complemento a
Lucas?
Edu:
Os dois se completam, claro, mas numa proposta mais ousada, que não sabemos se
será mantida. Não vejo jogadores do nível deles capazes de tirá-los do time
titular, mas nunca se sabe. De repente, se a opção é trancar o jogo, inclui-se
mais um volante, ou Jadson, que é
meio-campista mais tradicional, ou mesmo Hulk, por seu poder físico. Em
princípio, esses dois, Oscar e Lucas, também deveriam ser intocáveis também.
Carles:
Pelo que você está me dizendo então, o puzzle montado ficaria assim: Júlio
César; Dani Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Fernando, Paulinho e
Oscar; Fred e Neymar. É isso? Talvez o Damião no lugar do Fred que está
lesionado?
Edu:
É o que consta, foi o time que mais treinou. Fred joga sim, mesmo baleado. E,
hoje, talvez seja o que o Brasil tem de melhor mesmo. Na minha visão pessoal só
trocaria Fernando por Ramires e talvez o goleiro. Mas quem sou eu? Ramires nem
convocado foi.
Carles:
Nem Cássio.
Edu:
Cavalieri.
Carles:
Ah, entendi, você trocaria o goleiro por um dos convocados. Eu não.
Edu:
Cavalieri foi campeão brasileiro e se destacou nas última duas edições da Libertadores
também.
Carles:
Sei que ele está numa boa fase, mas considero tão confiável quanto Júlio Cesar,
pode fazer grandes defesas e falhar em momentos decisivos.
Edu: É
um goleiro hoje bem mais maduro e que não precisa das pantomimas do Júlio
César. Além de tudo, Júlio já não tem a confiança da maior parte da torcida e
mesmo dos companheiros. Você, que foi goleiro por um tempo da sua vida de
atleta de alto rendimento, sabe que confiança nessa posição é meio caminho
andado.
Carles:
Espero que a expressão "alto rendimento" não faça parte dos
exercícios práticos do seu curso acelerado de ironia. Uma coisa é certa: a
momentânea sensação de que o Brasil já tinha superado sua carência debaixo dos
paus parece ter chegado ao fim. Talvez um detalhe irrelevante para quem foi
campeão com Felix e Taffarel na posição. Ou mesmo Marcos.
Edu:
Dependendo do ponto de vista, portanto, não ter um goleiro confiável pode ser
um bom sinal.
Carles: Uma
visão otimista.
2 comentários:
Ontem pensei exatamente isso. Um time assim precisa de entrosamento, paciencia e tempo. Não temos nenhum dos 3. Eu não tenho dúvidas que é uma armadilha que não deve durar mais que 45 minutos. Minha (nossa) esperança é que cheguemos ao intervalo com pelo menos 2 a 0 pra azar de Feliparreira. Pouco provavel.
O pior dessa visão conspiratória é pensar em que mãos estamos: será que a duplinha vai torcer pra dar errado?
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