quarta-feira, 30 de abril de 2014

O primo pobre vai ao paraíso


NOITES DE CHAMPIONS

Carles: Quarta final da história da Champions entre compatriotas, segunda entre espanhóis, primeira entre vizinhos. Com méritos não?

Edu: Por acaso é que não foi. E com dois atropelamentos contra os técnicos mais cultuados dos últimos anos. Teremos uma pré-Copa fervida em Madrid.

Leia o resto desta publicação em

terça-feira, 29 de abril de 2014

Como aplicar um ‘chocolate’ com um terço dos passes e 35% de posse


NOITES DE CHAMPIONS
Edu: Com 35% de posse de bola e um terço do número de passes do adversário, o time chega ao hostil território inimigo e faz 4 a 0, fora o tititi, porque poderia ter sido 6 ou 7. Sobre quais mitos derrubados podemos falar nesta noite de Champions?
Carles: Nenhum, porque corremos o risco de fortalecer outros, as antíteses que amanhã, depois ou em um par de anos serão os mitos a derrubar. Assim funcionam as coisas e você, com sua perspectiva histórica, sabe disso muito bem. Mas vamos ao futebol e às lições aprendidas, que a única coisa que não se pode obviar é o entusiasmo, a flama, porque, quando tudo falha, a adrenalina está lá, o estimulante mais poderoso da terra, natural e grátis. E nem acho que seja incompatível com o pragmatismo de alguns sistemas, mitificados ou não.
Leia o resto desta publicação em

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O futebol de ‘La Tri’ já sabe falar grosso


OS 32 DA COPA (20)
Carles: Na cidade onde nasci, Valencia, estamos muito atentos à evolução do futebol equatoriano. Explico. Anualmente, ao longo dos campos de futebol que cobrem a enorme área verde que atualmente ocupa o antigo leito do Rio Turia, organizam-se verdadeiras Copas do Mundo entre times de imigrantes. E as equipes formados por equatorianos não só são dos mais habilidosos como costumam levar grande parte dos troféus. Essa é só uma razão, a outra é que a seleção de futebol do Equador, entre 2102 e maio próximo, vai se enfrentar às quatro seleções do nosso grupo na Copa 2014. Portanto, pode servir para dar uma boa ideia das nossas possibilidades.
Edu: Certamente servirá. O futebol do Equador acompanhou os próprios avanços do país a partir da década passada, tem uma estrutura com certa solidez e conseguiu importantes conquistas desde a participação em sua primeira Copa do Mundo, 2002, com sua geração mais brilhante, comandada por Ivan Hurtado e Álex Aguinaga. Tem tudo a ver com a posição importante que o país assumiu na América do Sul e não só politicamente.
Leia o resto desta publicação em

domingo, 27 de abril de 2014

Sem o Corinthians, o que será do estádio de todos nós

 
ADEUS AO VELHO PACA
Carles: Como provavelmente não chego para me despedir do meu estádio, te encarrego de segurar uma dessas camisas do Corinthians com um desenho especial, templo esportivo do Timão e, de alguma forma, do 500 aC em anos moços. Ah! É XL…
Edu: Estudar a menos de 400 metros do velho Paca teve suas vantagens, uma das poucas eu diria naqueles tempos que a universidade estava asfixiada pela ditadura. Era enforcar a última aula e descer a escadaria que dá na Praça Charles Miller para poder desabafar. Hoje, 40 mil corintianos baixaram lá provavelmente pela última vez, entre eles um dos herdeiros do 500 aC, que vai se encarregar de sua camisa.
Leia o resto desta publicação em

sábado, 26 de abril de 2014

Soluções caseiras para dois gigantes deprimidos

 
GIGGS, XAVI E COMPANHIA
Carles: Dois gigantes em crise, United e Barça, com resultados esportivos ruins, crises institucionais e algumas velhas glórias no limbo. Esse samba do crioulo doido, com um tremendo ar de improvisação que em nada combina com a pose dos Red Devils, pareceu uma boa solução (provisória ou não, já veremos) à camarilha de Manchester, hoje pelo menos deu certo. Fico pensando em Xavi e/ou Puyol como estepe par o Tata…
Edu: Hummm, Xavi gritando e gesticulando à beira do campo? Difícil visualizar essa cena. Puyol pode ser, mas aí a dúvida passa a ser sobre conhecimentos táticos, mais do que a questão da liderança. Também acho que o Barça não entraria numa aventura dessas sem antes fazer com que seus decanos passassem por uma experiência qualquer, acadêmica ou prática, algo como Zidane está fazendo em Madrid (é outro que não consigo ver esbravejando na linha lateral). Ryan Giggs não chega a ser um comandante espalhafatoso, talvez nunca seja. Mas o perfil de um treinador no Reino Unido é bem diferente e pode ser que dê certo, se bem que parece mesmo um mandato tampão. Agora, como inovador que é, o Barça poderia programar uma gestão dupla, a visão de Xavi e a postura de Puyol. Quem sabe?
Leia o resto desta publicação em

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Os ‘Black Stars’ não terão vida fácil no Brasil


OS 32 DA COPA (19)
Carles: Talvez Gana seja um dos casos que confirmam velhos estereótipos como o de que alguns povos trazem a ginga no sangue e com ela a aptidão para esportes marcados pelo ritmo quase coreográfico, como o futebol.
Edu: Podíamos mesmo dizer que as duas manifestações culturais que compõem os traços da sociedade ganesa, uma das sólidas democracias africanas da Costa do Ouro, são justamente o futebol, praticado em massa em todos os cantos do país, em especial nas ruelas e periferias de Acra; e o highlife, o gênero musical tipo exportação do país, levado ao ritmo dançante dos trompetes e das cordas, enriquecido visualmente pelas roupas coloridas, que influenciou meio continente e, claro, os latinos mundo afora.
Leia o resto desta publicação em

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Moyes, Autuori e tantos outros rumo ao cadafalso


TÉCNICOS À DERIVA
Edu: Temos insistido aqui, em mais de 400 posts, sobre o papel dos treinadores, suas competências e conhecimentos, a atualização essencial para exercer o cargo em times de elite e também a tendência que muitos têm a assumir um protagonismo maior que o dos jogadores. Essa falta de química, sensibilidade ou psicologia para tratar com atletas de alto rendimento é, quase sempre, o motivo de desgaste que impede certos técnicos de impor seus estilos. Há também os casos em que o clube é muito maior que o treinador e se torna um martírio para o profissional que precisa ter poder de comando. Nestes dias, tivemos dois exemplos, um de cada caso: Paulo Autuori foi rifado hoje pelo Atlético Mineiro, mas já vinha de uma sequência de desencontros com o elenco, a diretoria e, em especial a torcida; e David Moyes provou que não basta ter um bom padrinho e ótimas intenções para triunfar em um gigante. O próximo é Tata Martino, ou estou me precipitando?
Carles: Se o Barça contestar todas as previsões e ganhar a Liga, ele tem mínimas chances de ficar. Isso no caso dos candidatos ao rabo de foguete que é sentar hoje no banco do Barça, recusarem. O favorito da corte culé, Ernesto "Txingurri" Valverde, está onde deseja, no seu querido Athletic e, para o clube, se melhorar estraga. Já a plebe gosta de Laudrup e principalmente de Luis Enrique, ambos com passado blaugrana e merengue. Para falar a verdade não apostaria nada na permanência do Tata. Por que não ganhou nada na sua primeira temporada no país, no continente em meio a uma crise institucional e de identidade? Por, assim mesmo ter chegado à final da Copa, às quartas da Champions e manter as chances de ganhar o campeonato nacional até o fim? Segundo esse critério, Wenger já estaria, faz tempo, longe do Emirates, não?
Leia o resto desta publicação em

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Guardiola pagou o jantar, Ancelotti beijou a moça


NOITES DE CHAMPIONS
Carles: Não penso dar a mínima chance (pelo menos de saída), para que você repita o blá-blá-blá sobre os “erros do meu amigo” de Santpedor, por conservador, por preferir o apenas correto Kroos em detrimento de Götze e Müller… Em vez disso, prefiro enpatizar com meu amigo Mou e sua ojeriza às divas, como as duas do Bayern que hoje conseguiram consagrar Carvajal e Coentrão, este com a inestimável contribuição de Rafinha. Mesmo assim, o Bayern saiu de Madrid ‘vivito y coleando’…
Edu: Sair vivo é um consolo, não mais do que isso. Robben ao menos foi mais dinâmico, mas Ribéry, faça-me o favor. Bom, não me surpreende porque nunca fui um admirador do seu jogo, me parece um sujeito sempre indefinido entre fazer o próprio nome (claro, diva que é) ou ser uma peça de equipe, o que faria dele um jogador melhor. Assim mesmo, você acha que o Bayern saiu derrotado do Bernabéu só por ter um prima donna de cada lado do campo? Foi o Bayern que perdeu ou o Real Madrid que ganhou?
Leia o resto desta publicação em

terça-feira, 22 de abril de 2014

Miojo com trufas, ou um recital de como atolar no 0 a 0

 
NOITES DE CHAMPIONS
Edu: Seis por meia dúzia, côncavo e convexo, não tem tu vai tu mesmo... Não tem imagem bizarra que possa definir um jogo de futebol em que 16 dos 22 jogadores ficam na mesma zona do campo durante a maior parte do tempo. Me lembrou a Rua 7 de Abril nos tempos de office-boy... Se 99 entre 100 apostadores cravaram o 0 a 0, só quero saber quem foi o 'space' que achou que podia acontecer algo diferente.
Carles: A resignação, impotência ou ambos de Diego Costa indica que não foi ele o que acreditou num resultado diferente. Colocar Diego Ribas entre linhas foi uma tentativa interessante para não depender só dos chuveirinhos que, mesmo assim, abundaram contra uma linha defensiva cheia de torres. Para não dizer que não surtiu efeito, a estratégia acabou tirando Čech e Terry do jogo em Stamford Bridge por contusões, em tentativas de rechaçar o assédio por cima. Tampouco jogam Gabi e Lampard por terem recebido o terceiro cartão amarelo. Acho que nessa o Atlético perde mais, quem diria faz algum tempo?
Leia o resto desta publicação em

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Do Magreb, futebol com o selo da dignidade

OS 32 DA COPA (18)

Carles: Se tem um participante da próxima Copa que ganhou o direito a ser chamado de o país do futebol, esse é a Argélia. Pouca gente diria que um país com escassos troféus nas vitrines da sua federação como este  tem a sua história de independência tão diretamente ligada a esse esporte. Tudo porque um dia, depois de quase 130 anos de submissão à França, os seus principais jogadores, Mekhlouf, Zitouni, Sais Brahmi, Mokhtar Arribi, Adelhamid Kermali, militantes dos principais clubes franceses, resolveram se rebelar para formar seu particular exército, com a bola como única arma, para se somar à causa independentista.

Edu: Foi a célebre Seleção da FLN, a Frente de Libertação Nacional. A rapaziada circulou pelo mundo, fez mais de 90 jogos com a camisa da FLN entre o fim dos anos 50 e o início dos 60, jogando por amor à causa da independência em países que eram simpáticos ao processo de autonomia em relação à França. O grande líder do time era Rachid Mekhloufi, jogador que levou o Saint Étienne ao primeiro título de sua história e que, quando foi convocado pela França para disputar a Copa de 1958, já que tinha a nacionalidade, preferiu se juntar aos amigos que defenderiam as raízes. Mekhloufi, capitão do time, e essa turma toda são vistos como cofundadores da Argélia independente. Ali o futebol sempre foi politizado.

Leia o resto desta publicação em

domingo, 20 de abril de 2014

Poucos favoritos, nonsense e uma Copa no meio


BRASILEIRÃO 2014
Carles: Começa o Brasileirão 2014, parte 1. Já adianto que o que nos interessa mesmo é  saber quais as chances do Atlético Paranaense e seu flamante treinador espanhol. Começou bem, jogando em casa, bom, perto… considerando que o adversário era gaúcho e o jogo foi em Santa Catarina, tecnicamente quem é que jogou em casa? E o outro time paranaense também foi jogar por lá, não? É para economizar a Arena da Baixada para La Roja? Ou não ficou pronta?
Edu: Pronta, mas nem tanto. Como já fizeram o tal do evento teste exigido pela Fifa, agora estão nos últimos acabamentos e preferem preservar para Iniesta. Miguel Ángel Portugal começou batendo um sério candidato a fiasco no Brasileirão, o Grêmio. Se bem que num campeonato tão longo, se as providências forem tomadas agora de repente os gaúchos renascem até a reta de chegada. Será um Brasileiro estranho, mais do que em outros anos de Copa, quanto também há paralisação depois de algumas rodadas. Mas, neste caso, o efeito do Mundial em casa pode ser devastador - uma imensa ressaca seja qual for o resultado. De todo jeito, os 12 estádios reformados ou inaugurados são atrações à parte. Mesmo nos estados que não têm times na Série A haverá jogos do Brasileiro, como a estreia do Flamengo, em Brasília.
Leia o resto desta publicação em

sábado, 19 de abril de 2014

Nos tempos da emoção à flor da pele


ONDAS DO RÁDIO
Carles: Li que a transmissão radiofônica dos jogos no Brasil será só via banda FM e não mais na AM. Aproveitaram para dar uma reciclada no formato para poder concorrer com a transmissão pela televisão? Aliás, o sistema da tevê da Globo lembra muito o ‘Carrusel Deportivo’ das rádios espanholas…
Edu: Na verdade este será o último ano das rádios AM no futebol, uma despedida em plena Copa, depois, só FM. Mas nem acho que o problema seja a concorrência da TV, porque, nós que crescemos ouvindo jogos por rádio, sabemos que não tem comparação, principalmente porque o rádio alimenta os sonhos, a experiência sensorial do futebol. Ainda mais com a dinâmica do ‘Carrusel’, que ouvi muito quando estava por aí. As chamadas frenéticas dos locutores presentes em todos os campos em uma tarde de domingo na Liga - incomparável.
Leia o resto desta publicação em

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A discreta eficiência do herdeiro de Luís Pereira


MIRANDA NA COPA?
Carles: A família Del Bosque precisou de um centroavante dos de sempre, rápido, entrão, goleador, valente… e foi bater na porta do Manzanares. No momento, também não vamos muito bem de zagueiros e tem outro brazuca lá que cairia como uma luva. No caso de Costa, desconfio que o Felipão se arrependeu até a medula. Será que ele empresta o Miranda também. Não faz falta para vocês?
Edu: Claro que faz, sempre faz. E Felipão anda meio pressionado, porque todos os candidatos à última vaga na zaga (com Thiago, David Luiz e Dante garantidos) não chegaram a causar suspiros. Rever, Dedé, Henrique e vários outros estiveram na órbita da Comissão Técnica, mas não dá para dizer que alguém aprovou plenamente. E o momento do Miranda é impressionante. Nem acho que seja um superzagueiro, suficiente para barrar os titulares, só que evoluiu muito nas últimas temporadas, cara a cara com alguns dos melhores atacantes do mundo.
Leia o resto desta publicação em

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Uma salada de estilos e etnias no timaço belga

OS 32 DA COPA (17)

Edu: Desde a criação da Comunidade Europeia, vocês devem ter se habituado a conviver com a crescente influência desse pequeno país de pouco mais de dez milhões de habitantes que ganhou, com a zona do euro, uma destacadíssima projeção política como um dos criadores do chamado ‘ideal comunitário’. A Bélgica, com sua monarquia liberal bem camaleônica e uma divisão no núcleo de governo que distribui poder a vários partidos, dos verdes aos socialdemocratas, tem tudo a ver com esse conjunto de interesses difusos que vem conduzindo, ou tentando conduzir, o continente. É um sintoma do que ocorre dentro do próprio país, historicamente dividido pelas comunidades definidas pelos três idiomas, o flamenco (grande maioria), o francês e, em menor escala, o alemão. É um pouco também do que acontece com o futebol belga, hoje uma salada de estilos, resultado de sua mistura de raças, influências e origens.

Carles: Engraçado que, quando o assunto é separatismo, fora da Europa costuma-se pensar nas ilhas britânicas ou no estado espanhol, quando um dos mais ativos focos de autodeterminação está justamente na província Brabante Flamenco, onde está incrustada a zona federal de Bruxelas. É como se os caciques europeístas tivessem utilizado a ironia para escolher uma boca do vulcão para a sede política do seu projeto de estado europeu unificado. Na verdade, é uma forma um tanto dramatizada de apresentar as lutas regionalizadas que já estão bastante assimiladas e normalizadas, a não ser em casos de intervenções imperialistas como do amigo Putin na Criméia. Li em algum lugar uma análise de que essa seleção multiétnica justamente desafiava a nação dividida que representa quando, na verdade, considero que ela justamente reafirma a grande variedade racial e cultural. Por isso talvez seja uma grande equipe por respeitar a diversidade e aproveitá-la muito bem.

Leia o resto desta publicação em