NO PAÍS DA COPA
Carles: Justo na semana em que um dos estádios brasileiros destinados a
receber jogos da Copa (no que La Roja poderia decidir a sua sorte) sofre com a
ameaça de ser excluído, leio uma das histórias que o ex-correspondente do “The
Guardian” no Brasil, Alex Bellos, incluiu no seu livro “Futebol, Brasil y el deporte que le da vida”, lançado pela editora
Ariel. “El pueblo del estadio
gigante” trata da cidadezinha pernambucana de Brejinho, de 3.000
habitantes, com problemas de abastecimento, que não tem um mercado municipal,
mas que desde 1993 tem um estádio para 10.000 pagantes. Desde sua inauguração,
só recebeu um jogo com cobrança de entradas. O estádio Doutor Antônio Alves de
Lima, ou 'Tonhão', é uma obra de arte de
ser populista?
Edu:
A história é atraente, singela e significativa, o britânico Alex Bellos viveu
aqui, sentiu a paixão pelo futebol de perto e ficou seduzido por contar a saga
do 'Tonhão', dentre as muitas passagens do seu livro. Mas, antes que a gente
prossiga, é bom fazer algumas ressalvas. O estádio nunca chegou a ser concluído
com essa capacidade, passou por uma reforma porque estava em péssimo estado no
ano passado, mas não cabem ali mais de 3500 ou 4 mil pessoas. E a população
chega hoje a oito mil. Não importa, porque não anula a proposta do livro, que
foi concluído em 2002 e recebeu o prêmio de 'book of the year' de esportes na
Inglaterra. Um pouco da proposta de Bellos ainda está bastante viva: o
significado de um estádio de futebol para a cultura local, como forma de
arregimentar e mobilizar as pessoas. Só não é o caso dos grandes estádios
construídos para a Copa, muito mais uma exigência do mundo dos espetáculos
esportivos que outra coisa. E o episódio de Curitiba também é significativo,
porque desde o princípio, há cinco ou seis anos, o Atlético Paranaense teve
dúvidas se queria ou não queria receber a Copa e essa hesitação refletiu agora.
Mas parece que, no último momento, os governos estão se acertando para que a
Arena da Baixada receba a Roja, apesar de a Fifa ter um plano B.
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