quarta-feira, 4 de junho de 2014

‘La Roja’, últimos suspiros de uma geração encantada


OS 32 DA COPA (31)
Edu: É sintomático como a Espanha chegou a seu grande momento esportivo e, ao mesmo tempo, expôs alguns dos maiores contrastes sociais do futebol. É a Liga mais rica, ou ao menos com os jogadores mais valorizados, mas tem um dos maiores abismos entre clubes pobres e ricos. Conquistou os principais títulos em cinco ou seis anos, mas tem um sistema de gestão que, entre outras coisas, mantém no poder o presidente da federação (Angel Villar) há oito mandatos. Movimenta fortunas em patrocínio e verbas televisivas, mas tem a sociedade fracionada pelas consequências das crises financeiras internacionais. Tem sido animada a vida de vocês, ainda mais agora com a sucessão no trono.
Carles: Você, como historiador, sabe que causa e efeito, por definição, não costumam conviver no tempo. Os ótimos resultados recentes dos povos espanhóis no esporte, certamente, respondem a tempos de democratização política quase explícita e econômica (não saberia dizer o quanto), inclusive na oferta de instalações para a prática poliesportiva a todos, espanhóis ou residentes. Não faz muito, era grátis poder frequentar centros esportivos muito completos e públicos, em cada bairro ou município e também tínhamos um modelo de saúde pública universal, exemplar. Já não é assim, por pressão da iniciativa privada. Sabemos, você, eu e a maioria dos leitores como é difícil derrubar as oligarquias, o poder estabelecido e imóvel, seja uma monarquia que não passa pelas urnas ou outros centros de poder pouco legítimos, como é o caso da presidência da Real Federação Espanhola, com um sujeito reacionário e sem carisma à frente, reeleito à base de igrejinhas, de acordos quase conspiratórios com pequenos mas poderosos grupos, e graças a um sistema de eleição arcaico. Tudo isso que eu vomitei deve ter relação entre si e com a sua pergunta, mas confesso que eu mesmo teria dificuldade de conectar tudo, assim, de bate pronto. Eu e a maioria dos espanhóis.
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