Carles: Tem uma história que corre por aqui, nem confirmada nem desmentia, e que
expressa como a torcida pode influir decisivamente num jogo. Corria o ano de
1995 e o Zaragoza disputava uma das semifinais da antiga Recopa da Europa - torneio
que acabou vencendo - contra o Chelsea. Diante da sua torcida e de três mil
seguidores ingleses, o argentino Juan Eduardo Esnáider marcou o 3 a 0 para o
time local e desencadeou uma série de brigas, tanto na arquibancada como no
campo. Foi quando parte da torcida local começou a entoar uma musiquinha inspirada numa famosa
frase do treinador argentino Carlos Salvador Bilardo, muito na moda na época: ‘¡Pisalo! ¡Pisalo! ¡Pisalo!’
Repentinamente a confusão cessou. No dia seguinte uma parte da imprensa inglesa
teria louvado o exemplo de fairplay da torcida “maña” que, segundo eles, teria
pedido: ‘Peace and Love! Peace and Love! Peace and Love!’ (‘Pissanló…’ é semelhante foneticamente). Você acha mesmo que a arquibancada pode ser
considerada uma tribuna livre para a livre expressão das massas?
Edu:
Essa história é uma das pérolas do futebol moderno - acho que pouco importa se
é mesmo totalmente verídica a estas alturas. Mas a resposta é sim, um
contundente sim. Acontece que a massa é formada por uma série de grupos
heterogêneos de tipos humanos, cuja ação coletiva pode facilmente extrapolar
certos limites. Se pensarmos nos gritos nazistas e racistas que, por mais que
clubes e entidades se esforcem, são uma realidade em vários campos de futebol
da Europa, podemos colocar em dúvida se vale a pena ter uma tribuna livre.
Acontece que nunca se viu nem se verá um estádio inteiro entoando slogans
racistas. Essa atitude caminha para ser uma doença social de minorias.
Portanto, o torcedor em geral merece a liberdade das arquibancadas. Mais do que
uma concessão, é um direito.
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