A tradicional indumentária dos 'milionários' do Rio da Plata |
Edu:
Roxo não, porque parece que já desistiram, não estão mais no mercado oficial.
Mas há variações de cinza que estão fazendo sucesso, se bem que o Corinthians
neste momento é uma exceção por causa dos títulos que ganhou em 2012. Tudo que
entra na loja vende. O fato é que alguns clubes por aqui lançam duas novas
camisas por ano, deve estar valendo a pena.
Carles:
Uma tradição no futebol europeu é tentar manter a linha da camisa principal, na
medida do possível, e causar surpresa com o lançamento de duas novas, com
desenhos um tanto espantosos - a habitual segunda, para eventualmente poder contrastar
com um adversário de uniforme parecido, e outra para torneios especiais. Mas aí
surge outro componente decisivo no futebol, a superstição. Basta o time perder
um ou dois jogos importantes na Champions para a camisa ficar meio encostada.
Aconteceu este ano com o Real Madrid e a camiseta verde.
Edu:
Isso de manter a tradição temos por aqui também. Mas basta o rival fazer algo
diferente para mudar tudo e o clube também lançar uma novidade. Se bem que, no
fundo, é uma estratégia do fabricante. O clube entra na onda e o torcedor vai
junto. Quando a camisa não vende, discretamente é retirada de circulação. Mas o
design das camisas de futebol evoluiu demais, algumas são realmente muito
bonitas.
Juve e Udinese pelo 'calcio' |
Carles:
É possível que o fator decisivo seja, no final das contas, as vendas. E parece
que, como nas roupas de passeio, a indústria têxtil impõe a cada temporada um
tom que se repete e repercute pelo mundo inteiro. Recordo em determinada época ter
sido complicado para o Corinthians impor um segundo uniforme todo preto e, entretanto,
mais recentemente quase todos os clubes tiveram uma versão desse estilo.
Tivemos o ano do rosinha, que o Getafe adotou por aqui, mas que o Palermo
italiano sempre desfilou por Europa. Ou aquela fase das fosforescentes, do Borússia
Dortmund ao Chelsea.
Edu:
A rosinha do Palermo é o típico caso de tradição arraigada mesmo, e por isso
aceita por todas. Mas a Juventus de Turim tem um modelo rosa que é um desastre,
virou piada para os rivais. E alguns casos de tradição são estranhos. A camisa
escura do Real Madrid, preta ou azul, é a antítese da própria imagem
institucional do clube, os merengues. Mas são camisas muito bonitas e imagino
que vendáveis...
Carles:
Muito menos que a tradicional, a branca, campeã absoluta de vendas.
Edu:
Mesmo caso do Santos, que inventou uma camisa azul turquesa.
Carles:
Estava aí quando eles estrearam, incluindo, se me recordo bem, a
desclassificação nas semifinais da Libertadores, não é isso?
O "glorioso" Karanka vestido de Athletic de Bilbao |
Carles:
Houve alguma reação negativa. Outro caso por aqui de amor e ódio foi quando o
Athletic de Bilbao voltou às competições europeias e decidiu honrar a tradição
do Museu Guggenheim lançando uma camiseta com manchas de "tinta"
vermelha, insinuando alto relevo.
Edu:
E a torcida? Como reagiu?
O camaronês Eto'o |
Edu:
Aí já entra no terreno do exótico.
Carles:
Olha, eu achei inovador, arejada inclusive.
Edu:
No fundo, o torcedor é que é um sábio e maneja bem essa história de tradição e
de respeito aos símbolos. É inadmissível ao torcedor do River Plate ver o time
com uma camisa que não tenha a faixa diagonal. Como o vascaíno e mesmo o
torcedor da Ponte Preta. O Vasco já fez alguma tentativa sem a faixa, mas não
colou.
Carles:
Lembro-me disso, é um grafismo forte demais, apesar das possíveis restrições
estéticas. Diria mais: uma faixa diagonal em qualquer outra peça gráfica é
automática e mentalmente vinculada ao esporte, sobretudo ao futebol e ao rúgbi.
Edu:
Verdade, tem a cara do rúgbi.
O exótico goleiro mexicano Campos. |
Edu:
Mas ganha outra conotação com o Boca. É como o Peñarol, que tem uma camisa
idêntica às usadas nos campeonatos 'da firma' aqui em São Paulo. Mas, vestida
pelos jogadores do Peñarol, no Estádio Centenário lotado, têm vida própria,
puro magnetismo.
A mística Laranja Mecânica |
Carles:
O fato é que a camisa é a cara do time. Na hora de reivindicar qualquer coisa,
o torcedor logo diz ‘é preciso defender as cores do clube’. É o mais importante.
Em alguns casos,
como no caso das seleções Azzurra, Celeste, Canarinho, Laranja Mecânica... esses simbolismos superam qualquer outro tipo de identidade.
Um comentário:
Muito legal. Não gosto destas camisas berrantes modernosas, mas sempre tenho vontade de adquirir um camisa da Holanda simplesmente pela cor dela (talvez nunca tenha comprado porque também me vem a imagem de um time que amarela e morre na praia). Teve também a camisa sem mangas de Camarões que foi proibida. O principal problema das camisetas atuais é o acabamento, cobram pelo menos R$ 180,00 em uma e sequer fazem o escudo do time bordado, tudo estampado e descartáve
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