sábado, 9 de novembro de 2013

Cuidado! Boleiros filosofando


SESSÃO AVENTURA
Edu: Num dos mais antigos debates do futebol - o contraponto entre beleza e eficiência - não existe consenso possível, porque cada um tem uma ponderação ou uma ressalva a fazer. Nós mesmos, que tantas vezes aqui defendemos a estética e o talento, já tivemos nossos prós e contras no momento de discutir eficiência. Muito antes do nascimento do futebol, o filósofo Friedrich Schiller, um dos grandes do Romantismo alemão, defendia  que o jogo, como prática recreativa, exige sensibilidade e também pragmatismo, algo como dizer que não seria possível entender o que é belo sem o contexto da disputa, mas ao mesmo tempo o contexto não teria muito sentido sem a presença do belo.
Carles: Pelo que sei, as teorias de Schiller alertam para a necessidade de não descuidar a plenitude do ser humano, em que deveriam conviver os dois aspectos, necessários e complementares. Obviando o aspecto lúdico, isento de qualquer obrigação moral, não é possível alcançar essa plenitude. Se considerarmos que ele nasceu no século XVIII, não é difícil concluir que os tais “males da vida moderna”, de um ser social cada vez mais racional, infeliz pelas suas obrigações das quais pouco desfruta, não é algo tão recente. O distanciamento da vida contemplativa, mercê do "progresso" de uma sociedade industrializada, realmente parece que condena à fogueira aqueles que buscam a beleza antes da eficiência, quando estas nunca deveriam estar desassociadas. O pior ou talvez uma das causas está justamente nas mudanças curriculares na educação, em que foi sendo abandonada a formação humanista, com matérias como filosofia, arte, música dando lugar a uma cada vez maior carga horária de informação pura, sem chance para a reflexão e a interpretação própria. O excesso de conhecimento técnico visando uma aplicação prática e imediata, sem um processamento pessoal, acaba se transformando nesse brete de regras que dão poucas chances à liberdade de criação. E, como diria Schiller,  acaba formando homens truncados em todos dos setores de atividade.
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