domingo, 10 de novembro de 2013

O lado B da globalização


FUTEBOL-NEGÓCIO E RESISTÊNCIA
Edu: Estive vendo com mais atenção o jogo desse armênio do Dortmund, Henrikh Mkhitaryan, um meia que fez duas grandes temporadas pelo Shakhtar Donetsk e agora está criando um problema porque, teoricamente, não é titular de Jürgen Klopp mas joga muito. Ali do lado dele tem outra figuraça, Pierre-Emerick Aubameyang, nascido no Gabão. O futebol alemão tem muitos desse tipo que talvez nem ficássemos conhecendo em outros tempos, como o melhor lateral esquerdo da Europa neste momento, o austríaco David Alaba. E há tantos outros, na Itália e na Inglaterra principalmente, que chegam um tanto desconhecidos e se tornam essenciais, porque os grandes da Espanha só contratam depois que o sujeito virou estrela. Não seria este um lado B (de bom) da globalização? Teríamos ideia de quem é Mkhitaryan em ouros tempos? Quantas centenas de bons jogadores não passaram despercebidos antes da era do futebol-negócio?
Carles: Não tenho a menor dúvida. Sem a tecnologia de que dispomos aconteceria o que aconteceu com muitos grandes jogadores do passado que, agora, através de escassos vídeos e depoimentos, somos obrigados a acreditar que foram verdadeiros galácticos do seu tempo e, provavelmente, mediante uma adaptação, o seriam também agora. Imagine a quantidade dos que ficaram e ficarão desconhecidos. Convenhamos que essa evolução não é privilégio do futebol, mas de todos os campos do conhecimento. É a história do ver para crer e agora podemos ver seja lá onde for, e quase instantaneamente os vídeos e a evolução de um craque, ainda usando fraldas, lá na terra do "Nunca jamais". Se bem (tinha que ter né?) que na sua proposta está justamente o contraponto desse seu esperançador raciocínio. Você tem toda a razão quando diz que os preguiçosos e inábeis diretores dos clubes espanhóis, e não são os únicos, só contratam os já conhecidos, por isso pagam mais, e apesar disso, muitas vezes compram gato por lebre. Isso significa que a tecnologia só facilita as coisas, agiliza, mas continua sendo o critério de avaliação humano do velho olheiro o que dita a tendência. A grande mudança que a globalização provocou realmente é que os garotos podem ver desde cedo muitos dos craques jogarem no outro extremo do planeta e cada vez mais jogam ao gosto dessa grande arena mundial. É cada vez mais fácil colocar para jogar um garoto do Gabão num time da Alemanha e que ele se adapte ao gosto do planeta futebol. Estou de acordo, o futebol da era dos negócios é um grande espetáculo e eu me divirto muito com ele.
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