quarta-feira, 6 de março de 2013

Sir Ferguson não merecia outra coisa


Carles: Repete-se a cena final do último jogo do Real Madrid. O árbitro cercado pelos adversários.
Edu: Não esperava outra observação de um autêntico 'culé'...
Carles: Sendo justo, apesar da decisão arbitral ter sido decisiva, o time de Sir Ferguson não mereceu passar, nem pelo jogo de ida nem pela volta. Mas convenhamos, o jogo mudou completamente e decidiu-se depois da expulsão de Nani.
Edu: Mudou, sim, claro. Mas, por mais reservas que tenha com o time e principalmente com seu técnico mesquinho, só uma equipe procurou ganhar os dois jogos, o Real Madrid. Vocês têm uma palavra perfeita para definir sir Ferguson nesses dois jogos: ‘rácano’.
Carles: E muito. Pouco inteligente, diria. Espero que isso sirva de lição para outros treinadores que preferem defender antes de atacar ou ao menos ter a posse da bola como estratégia de proteção dos próprios interesses.
Edu: O jogo foi o que todo mundo viu, está feito. Mas a pergunta agora é: o que será de Mourinho em Madrid, o cara que até poucos dias atrás era completamente descartável, o anticristo? Duas vitórias sobre o Barça, eliminação do Manchester na Champions. O português vai ganhar uma estátua na Puerta del Sol?
Carles: Tem estrela, ninguém pode negar, mas se fizerem a tal estátua, acredito, vai ser o único Mourinho que fica em Madrid na próxima temporada. Ele vai embora, sim ou sim, mas com o nariz empinado que é o que ele busca sempre. Ontem não perdeu a oportunidade de cochichar no ouvido de Ferguson que tinha sido mão do Rafael. Adora ter a última palavra.
Edu: É um tipo um tanto asqueroso, Carlão, não tenho dúvida disso. Mas foi uma aposta pessoal do Florentino. Se o sujeito dá a sorte de ganhar a décima Champions do Madrid, ele fica. E como figura emblemática, heroica.
Carles: Como herói, sim, mas vai embora, porque ele já decidiu, estou certo. A caminho do Chelsea e ainda mais depois de saborear as delícias do ambiente da Premier ontem. Três fatores decisivos no jogo: 1. A entrada de Kaká por Di Maria, contundido. Apesar de o brasileiro estar claramente fora de ritmo, sua "desobediência tática" obrigou o Madrid a adiantar as linhas; 2. o árbitro decidiu que o Manchester jogaria com dez e expulsou Nani; 3. Mou substituiu Arbeloa por Modric. Algo tinha que ser mérito dele, não? Ganha bem para isso.
Edu: Claro, com Arbeloa em campo era dez contra dez. Mas nem acho que o Mourinho fez grande coisa ontem porque não precisou. O Manchester renunciou a tentar ganhar desde o início. E com 1 a 0 ficou numa posição de contemplação. Uma coisa é o time ter uma dinâmica legal de marcação, o que é louvável. Outra é achar que povoando o território estará tudo resolvido. Estupidez. Tanto que o cara que empatou o jogo faz um gol a cada seis meses. Ficaram olhando Modric avançar, preparar, pensar e, como nada acontecia, concluir.
Carles: É o que acontece quando se povoa o território com ‘cones’ e não com peças móveis e com autonomia de decisão. A linha entre ambas as coisas é frágil e, pelo visto, Ferguson perdeu a sensibilidade para diferenciá-las.
Edu: Acho que o mau-humorado perdeu a mão mesmo. Aposentadoria à vista. Deixar Rooney de fora, francamente.
Carles: Como torcedor, fica a satisfação de ver o velho Giggs em campo. Independente dos erros táticos. Valeu pelo passe de três dedos. E falando em perder a mão, viu a lista do Felipão?
Edu: Claro, será nosso tema de amanhã, certo?
Carles: Pois até amanhã. Estou ansioso.

Nenhum comentário: