Carles:
Repete-se a cena final do último jogo do Real Madrid. O árbitro cercado pelos
adversários.
Edu:
Não esperava outra observação de um autêntico 'culé'...
Carles:
Sendo justo, apesar da decisão arbitral ter sido decisiva, o time de Sir
Ferguson não mereceu passar, nem pelo jogo de ida nem pela volta. Mas
convenhamos, o jogo mudou completamente e decidiu-se depois da expulsão de
Nani.
Edu:
Mudou, sim, claro. Mas, por mais reservas que tenha com o time e principalmente
com seu técnico mesquinho, só uma equipe procurou ganhar os dois jogos, o Real
Madrid. Vocês têm uma palavra perfeita para definir sir Ferguson nesses dois
jogos: ‘rácano’.
Carles:
E muito. Pouco inteligente, diria. Espero que isso sirva de lição para outros
treinadores que preferem defender antes de atacar ou ao menos ter a posse da
bola como estratégia de proteção dos próprios interesses.
Edu:
O jogo foi o que todo mundo viu, está feito. Mas a pergunta agora é: o que será
de Mourinho em Madrid, o cara que até poucos dias atrás era completamente
descartável, o anticristo? Duas vitórias sobre o Barça, eliminação do
Manchester na Champions. O português vai ganhar uma estátua na Puerta del Sol?
Carles:
Tem estrela, ninguém pode negar, mas se fizerem a tal estátua, acredito, vai
ser o único Mourinho que fica em Madrid na próxima temporada. Ele vai embora,
sim ou sim, mas com o nariz empinado que é o que ele busca sempre. Ontem não
perdeu a oportunidade de cochichar no ouvido de Ferguson que tinha sido mão do
Rafael. Adora ter a última palavra.
Edu:
É um tipo um tanto asqueroso, Carlão, não tenho dúvida disso. Mas foi uma
aposta pessoal do Florentino. Se o sujeito dá a sorte de ganhar a décima
Champions do Madrid, ele fica. E como figura emblemática, heroica.
Carles:
Como herói, sim, mas vai embora, porque ele já decidiu, estou certo. A caminho
do Chelsea e ainda mais depois de saborear as delícias do ambiente da Premier
ontem. Três fatores decisivos no jogo: 1. A entrada de Kaká por Di Maria, contundido.
Apesar de o brasileiro estar claramente fora de ritmo, sua "desobediência
tática" obrigou o Madrid a adiantar as linhas; 2. o árbitro decidiu que o
Manchester jogaria com dez e expulsou Nani; 3. Mou substituiu Arbeloa por Modric.
Algo tinha que ser mérito dele, não? Ganha bem para isso.
Edu:
Claro, com Arbeloa em campo era dez contra dez. Mas nem acho que o Mourinho fez
grande coisa ontem porque não precisou. O Manchester renunciou a tentar ganhar
desde o início. E com 1 a 0 ficou numa posição de contemplação. Uma coisa é o
time ter uma dinâmica legal de marcação, o que é louvável. Outra é achar que
povoando o território estará tudo resolvido. Estupidez. Tanto que o cara que
empatou o jogo faz um gol a cada seis meses. Ficaram olhando Modric avançar,
preparar, pensar e, como nada acontecia, concluir.
Carles:
É o que acontece quando se povoa o território com ‘cones’ e não com peças
móveis e com autonomia de decisão. A linha entre ambas as coisas é frágil e,
pelo visto, Ferguson perdeu a sensibilidade para diferenciá-las.
Edu:
Acho que o mau-humorado perdeu a mão mesmo. Aposentadoria à vista. Deixar
Rooney de fora, francamente.
Carles:
Como torcedor, fica a satisfação de ver o velho Giggs em campo. Independente
dos erros táticos. Valeu pelo passe de três dedos. E falando em perder a mão,
viu a lista do Felipão?
Edu:
Claro, será nosso tema de amanhã, certo?
Carles:
Pois até amanhã. Estou ansioso.
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