Carles:
Muito a meu pesar, algo me diz que a final desta Champions League vai ser entre
Bayern e Real Madrid, mas a esperança é a última que morre e sempre pode haver
algo de justiça no futebol.
Edu:
Sou dos que não vê essa história de justiça como ingrediente do futebol, embora
reconheça que sou minoria. Em compensação acho que tem uma lógica própria,
particular, que às vezes não alcançamos, o que não quer dizer que fica fácil
fazer prognóstico, muito ao contrário. Prever resultado em futebol continua
sendo um desastre. Mesmo assim arrisco: não tem perigo à vista para o Barça
contra o PSG e o time só corre o risco de não ir à final se pegar o Bayern na
semi.
Carles:
Começamos estando de acordo. Contra o PSG, acredito, o maior inimigo dos
catalães voltam a ser eles próprios. E acho que, apesar de podermos considerar o
Borussia Dortmund uma versão germânica (no mais amplo dos sentidos) do Barça, o
favorito ao título é justamente o conterrâneo. Pelo outro lado da chave, é
possível que os adversários do Madrid - Galatassaray, Borussia e Málaga - até
pratiquem um melhor futebol, mas carecem de experiência, algo que os homens do "Special One" têm de
sobra.
Edu:
Não sei se é uma síndrome antimourinho – essa história de ‘Special One’ me
embrulha o estômago -, mas sinto que o Madrid não chega. A indolência
defensiva, apesar do Varane, uma hora vai aparecer. Se não for agora, contra
esse imprevisível e traiçoeiro Galatassaray, será em seguida. Atenção a Burak
Yilmaz! O sujeito, que nasceu num dos paraísos turcos do Mediterrâneo, Antália,
é uma máquina de chutar a gol.
Carles:
Você melhor do que ninguém (e me reporto à questão da falta de justiça) sabe
que nessas retas finais vale mais a experiência para poder canalizar e potencializar
capacidades. O Galatassaray vem muito bem, inclusive com o Sneijder acordando,
o que não é pouco. Aposto que justamente esse entusiasmo pode ser o principal
problema dos turcos. Aliás, é o tipo de armadilha que o português zangado prefere.
Quanto ao Yilmaz, avance ou não o seu time, meia Europa já está de olho nele.
Edu:
Como o Manchester foi um adversário meio esquálido no jogo de volta,
estranhamente despersonalizado, parece que o Madrid atropelou, mas pouca gente
se lembra que o time ganhou muito mais pela covardia do adversário. Os turcos
têm um time malicioso, rodado, apesar da inexperiência em Champions. O luso que
não pense que vai encontrar uma Gran Via pela frente, amanhã. Mas hoje, em
Paris, não vejo como os únicos dois bons marcadores de meio-campo do PSG,
Verratti e Matuidi, consigam encurtar a área de circulação do Barça. Pressinto uma
'paliza' no Parque dos Príncipes...
Carles:
Oxalá! Não vejo nem time nem solidez no projeto do PSG para ir mais além de quartas de final na Champions e o tão desejado título francês, o mais promíscuo
dos títulos. Repito, tudo vai depender do Barça, se resolvem tudo em Paris, se
sofrem mais uma vez ou decidem sair de férias com três meses de antecedência.
Quanto ao ‘Gala’, minha referência era à experiência dos grandes campeões, à
camisa mesmo, apesar de contar com alguns jogadores experientes. Agora, já
estamos um bom tempo aqui conversando e só não nos referimos a um dos oito:
será essa a tática da "vecchia signora", a de passar despercebida?
Edu:
De jeito nenhum. Esse outro jogo de hoje, em Munique, é coisa de cachorro
grande. Prefiro enfrentar dez vezes o Chelsea, cinco o Milan e outras tantas o
Manchester, do que Bayern ou Juve em um único jogo. Só acho que os alemães
levam vantagem nessa partida não só pelo peso do cenário, mas principalmente
pela qualidade. Os elencos não se comparam...
Carles:
E o Málaga? Chegou até aqui para pedir autógrafos ao resto ou você acredita em
alguma surpresa do "el Ingeniero" Pelegrini?
Edu: Seria estimulante, até torço por uma surpresa, mas o Dortmund é
outro adversário cruel. E tem a dupla da moda no futebol europeu. Quem não quer
hoje ter no time Mario Göetze e Marco Reus?
Carles:
Göetze principalmente está na agenda de quase todo mundo. Isso sem falar no
sorridente Jürgen Klopp, que, convenhamos, tem os seus motivos para rir.
Pessoalmente, não vejo muitas chances de que o Málaga consiga superar os
alemães. Os andaluzes sabem que a batalha mais importante é a definição das
questões internas e conseguir repetir a posição da temporada anterior na Liga.
E, claro, manter Isco como pedra fundamental de um projeto de futuro. Nenhum
desses objetivos é fácil.
Edu:
A simpatia com o Málaga vai até onde começa a desconfiança com esse projeto
biônico do time na esfera administrativa. Em muito menor escala, é o PSG da
Espanha, uma artificialidade. No caso do Málaga, Pelegrini conseguiu ao menos
blindar seu trabalho. Mas até quando? Aliás, recomendo a todo mundo a leitura
da reportagem publicada ontem no ‘El País’ sobre o momento de penúria administrativa
do futebol espanhol. O título da matéria, bastante significativo: 'El
fútbol, otra burbuja pinchada'. Certamente será um dos nossos próximos
temas por aqui...
Carles:
O título da matéria também podia ser "De como o futebol espanhol acabou na
mão de neófitos", advogados e gestores sem a mínima ideia do futebol e que,
da noite para o dia, converteram-se em máximos responsáveis pelos destinos da
maioria dos clubes. Voltando ao terreno de jogo e resumindo nossa conversa, se
não houver grandes surpresas, duplo duelo hispano-germânico nas semifinais e
bis na final, então?
Edu:
É um bom palpite... com a Juve como alternativa.
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