Imagens do estádio de Wembley momentos antes do início da partida. Especialmente enviadas por Leo Marti Teixeira |
Edu: No dia da decisão da Champions começa o Campeonato Brasileiro.
Carles:
Hummmmm, verdade.
Edu:
Cada um se diverte com o que pode.
Carles:
Nem é essa a questão. Algum brilhante pensador do futebol brasileiro deve ter chegado à conclusão de
que, finalizada a temporada de jogo e iniciada a temporada de caça aos craques, seria a hora de instalar a grande vitrine do Brasileirão.
Edu:
Não acho que foi pensado, não. Na verdade, o Brasileiro cabe em sete meses e
adaptaram o resto do tempo aos torneios regionais e à Copa do Brasil. Tanto
que, todos os anos, tem uma trombada com as fases decisivas da Libertadores.
Carles:
E trombada com as datas Fifa. Tem alguns jogos da Seleção Brasileira que
coincidem com rodadas, às vezes importantes. Isso não acontece por aqui. Na
pior das hipóteses e algumas vezes, quando a seleção joga pode ter rodada de
Segundona, que é um campeonato um pouco mais longo que o de Primeira.
Edu:
E neste ano aqui temos dois agravantes: será um campeonato estranho por causa
da provável saída de alguns grandes nomes dos principais favoritos (Paulinho,
Bernard, Neymar, Ralf, Leandro Damião), como há algum tempo não acontecia, e o
torneio terá uma interrupção de um mês por conta da Copa das Confederações.
Talvez por isso a decisão entre os alemães na Europa tem sido quase tão falada
por aqui nestes dias quanto o início do Brasileirão.
Carles:
Bom, mas é até normal que o campeonato comece frio e vá esquentando. Bernard
está de saída?
Edu:
Tem proposta da Alemanha, ao que tudo indica do Dortmund. Tem perfil mesmo para
aquele time jovem.
Carles:
Verdade. Bom destino e sem quase nenhuma pressão, pode dar certo.
Edu:
Vai terminar a formação dele, inclusive física, numa ótima escola. É um garoto
que tem virtudes técnicas inegáveis e evoluiu muito taticamente também.
Carles:
Tudo bem, a crème de la crème está de
saída. E as perspectivas de renovação, do surgimento de novas revelações? Sei
que os ânimos não são os melhores, mas não será um pessimismo exagerado? Sempre
acabam surgindo novos craques, mesmo em uma entressafra.
Edu:
Eu diria que nem há muito pessimismo, Carlão. Há, sim, um certo desinteresse
porque o foco por um tempo estará na Seleção. E o fato de saírem algumas estrelas
sempre abala um pouco. Mas o futebol brasileiro tem essa virtude de apresentar,
por pior que seja o momento, alguma novidade. E o Brasileirão é muito longo,
tem tempo de renovar o interesse.
Carles:
Eu aposto por isso também. O Corinthians sem a dupla Ralf-Paulinho, o Atlético
sem Bernard, o Santos sem Neymar… com tanto teórico favorito perdendo suas
principais peças, quais as suas indicações?
Edu:
Mesmo assim, Corinthians e Atlético saem na frente, porque têm uma estrutura
firme. Junto com Inter, Botafogo e Fluminense, talvez. São Paulo e Grêmio vêm
em seguida. Mas temo por times tradicionais como Santos, Vasco, Flamengo e
mesmo Cruzeiro.
Carles:
Surpreende, pelo menos a quem acompanha o quase dia a dia de longe, a presença
do São Paulo. Pensei que a crise fosse mais profunda.
Edu: Tem
uma crise aí, sem dúvida. Mas é um time com bom elenco, assim como o Grêmio.
Precisa de ajustes técnicos importantes, mas não deixa de ser um concorrente de
respeito. Não é o que acontece com Santos e Flamengo, por exemplo, que contrataram
muito mal nos últimos tempos e esfacelaram suas equipes. Muito jogador
remediado, alguns refugos. O mesmo vale para o Cruzeiro, que ainda tenta se
reforçar.
Carles:
E uma eventual surpresa, de onde poderia vir? Li que a Lusa luta para não ser
rebaixada…
Edu:
A Lusinha, sempre simpática e sempre na corda bamba. Quando ganhou a Série B do
Brasileiro chegou a ser chamada de 'Barcelusa', era uma goleada atrás da outra.
Agora, acaba de voltar à Série A do Campeonato Paulista, pra você ter uma ideia
da situação. Mas nunca se sabe o que vai acontecer lá na parte de baixo da
tabela. Sempre há surpresas por ali, basta ver onde o Palmeiras está neste ano.
E as surpresas também acontecem nas posições intermediárias, com times que tem
tradição em complicar para os grandes, como Coritiba, Ponte Preta, Vitória...
Carles:
Então fiquemos de olho na primeira rodada e fazendo zapping para Wembley.
Torcendo pelo Dortmund, mas temendo pela sorte do time revelação contra o todo
poderoso compatriota. E mais, sem Götze. Será a hora e a vez de Reus?
Edu: Boto muita fé em Marco Reus, acho até mais
decisivo - se bem que menos talentoso - que Götze. E poucas horas depois
Corinthians e Botafogo, campeões de São Paulo e Rio, fazem o jogo das faixas.
Ao menos um bom começo para o Campeonato Brasileiro.
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