Edu: Vi a decisão
da Copa del Rey e me pareceu um fim nada abonador para a 'Era Mou'. Pressão
sobre o árbitro, pancadaria, Cristiano expulso por dar 'una patada', brigas
entre os reservas.. Parecia até jogo da Libertadores..
Carles: Um jogo muito
nervoso, de muito contato e nada brilhante. Tensão de um lado pelos 14
anos sem ganhar o derby madrileño, mas sobretudo do outro, porque perdendo o
jogo, como de fato aconteceu, a temporada termina sem nenhum troféu. Um
fracasso rotundo para um dos maiores orçamentos esportivos do planeta.
Edu: Mesmo assim
poderia ter sido um time mais elegante na derrota. Aquela atitude de receber a
medalha e tirar imediatamente do pescoço é muito acintosa, uma reação rasteira,
medíocre. E me pareceu combinada antes, porque foram raros os jogadores que não
tiraram ali mesmo, diante do rei.
Carles: Não foi das
piores reações madridistas e remito-me à serie de derrotas impostas a eles pelo
Barça, recentemente. A reação agressiva de Cristiano aconteceu graças ao ardil
do Cholo que fez com que Gabi e
Juanfran conseguissem irritar o jogador português, com pouquíssima liberdade.
Foi uma típica reação de impotência. Como ele, senti o resto do time um tanto
resignado, como se a derrota não fosse tão inesperada. A confusão ficou por
conta de Pepe, que tomou uma bordoada de Diego Costa e, pasmem, Kaká. Ambos
foram tomar satisfação com os reservas do Atlético. Quanto ao desprezo à
medalha, parece-me uma atitude para a galera, como insinuando que "não é digna do
grande Madrid". Assim mesmo, uma atitude prepotente, como as que já nos tem
acostumados esse clube.
Edu: Se for uma
atitude para a galera, pior ainda. E a reação dos brasileiros... me poupe.
Menos mal que do outro lado os dois gols foram de brasileiros, outros jogadores
da terrinha que entram para a história do 'Aleti'. Mas o fato é que, no Madrid,
todos parecerem sentir o peso do fim de um projeto. Em campo, o time foi um
bando sem muita lógica, mas ao mesmo tempo achando que ganharia o jogo quando
quisesse. Na verdade, é um fim de temporada bastante deprimente porque, não
podemos negar, ali estão grandes jogadores, com uma estrutura monstro, em um
estádio mítico, um ambiente luxuoso. A frustração deve ser proporcional.
Carles: Os goleadores Diego
Costa e Miranda reviveram na memória dos ‘colchoneros’ dois dos seus ídolos dos
anos 70, que ocupavam justamente as mesmas posições, Leivinha e Luís Pereira. O
pesadelo da temporada prolongou-se durante a entrevista coletiva com Mourinho
insistindo em falar na primeira pessoa, recordando que foi a pior temporada da
carreira dele, que se sente decepcionado, sem nenhuma referência ao clube, nem
à torcida, nem aos seus jogadores. Ele não só está demonstrando que é mesquinho
e egocêntrico, mas que não tem nenhuma habilidade social, pois se os resultados
seguirem nessa tendência negativa, vai ficar sem a sua corte particular,
rapidinho. A única referência a outra pessoa que não a ele mesmo foi ao goleiro
do Atlético, Courtois, em inglês e em
resposta a um jornalista britânico, dizendo que é um grande goleiro e
que é jogador do Chelsea, como se já falasse em nome do clube inglês.
Edu: Tenho a
sensação de que o casamento Mou-Madrid terminará em barraco. Não me admira se o
luso sair atirando para todos os lados e certamente virão respostas do elenco.
Teremos um junho animado, enquanto Florentino não remontar o time. E te digo
mais: muita gente vai deixar Chamartín, ou por falta de clima por causa de suas
relações com Mou ou porque não aguentam mais o 'esquema Madrid'.
Carles: Nem tão certo
assim, esta semana os jogadores estiveram almoçando todos juntos em clima de
confraternização, sem nenhum dos componentes da comissão técnica, em que pesem
as notícias de que teriam sido convidados. Quem sim foi avisada foi a imprensa
e a cobertura foi das maiores. Jogadores como Essien, Coentrão e Pepe, apesar
das últimas atitudes desesperadas de reconciliação com os companheiros, devem
sair, mas não acho que as mudanças sejam tão radicais. Duas ou três
contratações de impacto com finalidade eleitoreira e, nesse
caso, devem ser vendidos alguns jogadores. Sigo apostando na permanência de
Kaká, se for confirmada a vinda de Ancelotti.
Edu: Ainda assim
espero um junho bem animado. E não sei se você reparou numa coincidência (não
custa forçar um pouco a barra). No dia em que morreu um modelo de
autoritarismo, um dos maiores facínoras da história, o general argentino Jorge Videla,
dois projetos capitaneados por ícones do totalitarismo no futebol também
fizeram água, o de Mourinho e o de Luxemburgo, que na véspera perdeu mais uma com o
Grêmio e está fora da Libertadores. Montou um time milionário, prometeu mundos
e fundos e não ganhou sequer o Campeonato Gaúcho. Só pra constar...
Carles: Coincidências não existem e não custa sonhar com tempos sem tiranos. Por
falar em sonhos, além do título, outro ‘colchonero’ célebre, Paulo Futre,
recordou que os meninos torcedores do Atlético com idades inferiores aos 14 anos, conseguiram finalmente ver pela primeira
vez seu time ganhar ao todo poderoso clube da cidade. Não pude deixar de
lembrar de que eu vivi aos meus 12 anos uma sensação semelhante com uma quebra
de um longo tabu, justo contra um adversário todo de branco. Hoje estou
nostálgico.
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