Edu:
Neymar, por ser o nome do momento, o último representante de um tipo de jogo
que o brasileiro já teve orgulho de ter e apreciar, também provoca exageros pelo
lado ruim. Como o futebol dele de certa forma estancou, ganha força por aqui a
crítica exagerada ao maior dos defeitos do Neymar, as tentativas de simulação,
o 'cai-cai', que vocês chamam muito apropriadamente de 'piscinazo', entre outras definições.
Será que esse ainda é o maior estigma que os brasileiros têm que enfrentar no
Exterior?
Carles:
Não é o melhor dia para falarmos disso. O planeta futebol viu o riso sarcástico
de David Luiz, do Chelsea, no chão, sacaneando o compatriota Rafael do
Manchester United que acabou expulso. O pior não é utilizar a artimanha, mas
que esse tipo de atitude siga consagrando a figura do velhaco, que, desconfio,
ainda segue sendo positivamente valorizado pelo ideário coletivo. Ou estou
enganado?
Edu:
Talvez seja o melhor exemplo, esse do David Luiz, para mostrar o que é e o que
não é real nessa história do ‘piscinazo’. Ali, naquele lance, houve duas
aberrações, a primeira foi a efetiva agressão do Rafael, um garoto
descontrolado, que chuta o adversário por trás, na frente da auxiliar e do
estádio inteiro. Não houve simulação, David foi agredido. A segunda postura, do
riso sarcástico, levanta outra discussão. Mas Rafael não foi expulso por isso e
sim pelo pontapé, só que o que mais chama a atenção da imprensa europeia é a
reação do David. Essa imagem do velhaco é uma lástima, mas às vezes o lado de
cá do mundo paga excessivamente pelos julgamentos dos europeus que posam de
éticos e bonzinhos, mas tem em seus clubes um monte de gente que faz a mesma
coisa e é tratada com condescendência. Poderia citar algumas dezenas agora
mesmo.
Carles:
Acho complicado basear uma discussão nesses termos, de quem são mais fingidos
ou éticos, os sul-americanos ou os europeus, ambos grupos compostos por uma
imensa diversidade cultural, com hábitos e percepções distintas da moral e da ética.
Nas entrelinhas (e nas linhas) da sua resposta é clara a insinuação de
injustiça e caça às bruxas, fato que não vou discutir, porque não posso nem
quero julgar. Uma coisa é patente: a fama dos jogadores brasileiros em simular.
Pepe e Dani Alves foram alvo desse tipo de acusação, em jogadas exclusivamente
entre eles. Até ‘São Kaká’, neste fim de semana, demonstrou pouco talento para
a dramatização, numa patética encenação de pênalti.
Edu:
Se começarmos a falar do que eu efetivamente disse e do que você acha que eu
disse provavelmente vamos ficar aqui até a Copa do Qatar. Insisto no assunto
que eu puxei, sem entrelinhas, não seja paranoico: simulações. Nisso,
brasileiros e sul-americanos são especialistas, mas normalmente pagam caro
quando também não simulam e por isso citei o Neymar como exemplo, mau exemplo.
O que não quer dizer, também insisto, que não vejamos todos os fins de semana
jogadores como Robben, Thomas Muller, Fernando Torres e o seu querido Busquets
fazerem uma festa de simulações, principalmente em jogos tensos, Até o ilibado
Iniesta já fez, só que, como é mais raro, fica diluído diante de tanta coisa
que ele faz bem. Como sempre, o mais fácil é crucificar os sul-americanos. Como
os policiais corruptos dos filmes 'noir' da década 40 e 50: 'Prendam os
suspeitos de sempre'.
Carles:
A tentação, e você sabe disso, é grande de, num momento de impotência, simular.
No caso do Iniesta, recorro a uma frase daqui que reza o seguinte: "Por un
perro que maté, me llaman mataperros". Pelo deslize que cometeu uma única
vez e que custou a expulsão de Amorebieta, ele foi julgado e condenado ad eternum pela plateia da Catedral de
San Mamés, único campo em que ele é vaiado em todos os jogos. Quanto ao Sérgio
Busquets, desconfio que você está fazendo eco de uma história que a imprensa
madrileña multiplicou por mil quanto dos jogos entre Barça e Madrid e os modos
grotescos de Pepe. Um pouco para justificar o injustificável do senhor Képler.
Mas tem um exemplo aí, o Robben, que abre outra janela entre as possíveis respostas
a esta discussão. O holandês tem uma constituição física frágil e vive da bola
colada no pé, é fintador, ciscador. Um perfil aplicável ao futebol brasileiro.
Portanto, mais do que ético ou não, existe a possibilidade de que esse hábito
esteja ligado à necessidade permanente de se defender, de defender o jogo e a
integridade física.
Edu:
Não estou nem aí para a imprensa de Madrid, ao contrário do que você imagina.
Busquets faz e eu vejo, ao vivo, no replay, e em câmera lenta fica ainda mais
ridículo, ninguém precisa me dizer. Começou numa expulsão do Tiago Motta que
ele cavou naquela célebre semifinal da Champions contra a Inter. Ridículo. E
obrigado por me lembrar desse episódio emblemático do Iniesta, porque tinha
pensado em outras ocasiões, inclusive no jogo de ida contra o Bayern. Falemos
então da constituição física do Robben: isso justifica o ‘piscinazo’? Vai me
dizer agora que Neymar é fortão? Para Neymar não existe defesa de integridade
física? Claro que ambos adoram uma simulação, só que o Neymar, que tem essa
pinta de 'espabilado', é na verdade ingênuo e pouco inteligente nessa questão,
porque está marcado para o resto de sua carreira. Vai apanhar sempre, quem sabe
simular algumas vezes, mas o veredicto do árbitro e da mídia será sempre o do
'cai-cai'. Pode ser num joguinho prosaico no Canindé ou numa final de Copa do
Mundo.
Carles:
Insisto que é um hábito que em alguns casos, com o tempo, vira vício e passa a
ser algo difícil de evitar. Um recurso, ético ou não, que pode e costuma estigmatizar
e marcar a carreira do jogador, que paga com a perda total da credibilidade.
Num leviano exercício de adivinhação, arrisco que esse pode ser o futuro do
"colchonero" Diego Costa, que, no ritmo que vai, está fadado a ser
culpado por tudo o que acontecer num raio de 200 metros em torno dele. Não
conheço o modus operandi do Neymar, se ele é velhaco ou ingênuo. Parece-me um
grande jogador que deve se dedicar a isso, a jogar futebol. Como faz o Messi ou
o Cristiano Ronaldo na maioria do tempo. Mas quem não tiver nenhuma culpa que atire a
primeira pedra.
Edu:
Acontece que o 'efeito Neymar' já é um estigma, que só fez crescer a imagem que
todos têm dos atacantes brasileiros. Qualquer árbitro, aqui mesmo no Campeonato
Paulista, já parte do princípio que o Neymar simulou. A falta e o pênalti
precisam ser escandalosos para ser marcados. E nos últimos jogos da Seleção na
Europa ocorreu o mesmo. É o estigma que muitas vezes decide o jogo. E nessa
onda outros atacantes pagam a conta, Oscar, Hulk, Diego Costa...
Carles: É aquela história de “olha o lobo, olha o lobo…”
até que é verdade mesmo e então…
2 comentários:
Se o mundo acabar , vai ser culpa do Neymar, se o oscar virar bicha, vai ser culpa do neymar, para com essa história, quem começou com essa palhaçada foram vcs mesmos, com essa pegação no pé do mlk, vcs só sabem cornetar para ganhar midia, tenho uma proposta para vcs , todos os jornalistas esportivos do brasil tem que ir para a europa para crescer, porque hoje esta dificil , o que tem de neguim ruim ai é de doer, jornalistas travestidos de torcedores, querem o mlk longe para não atrapalhar os times de vcs, o pato melhorou o que na italia, o hulk melhorou oque, o kaka reserva do real, e assim vai, la não melhora ninguem , temos que melhorar nossos tecnicos, nossos jornalistas , para ser imparciais , vcs são torcedores , tentem ser jornalistas .
A vcs já foram para a europa , e não melhoraram nada, podem encerrar a carreira,
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